terça-feira, 26 de junho de 2012

TRABALHO LITERATURA ( PROFESSORA LENILZA ) 3° ANO.


Colégio QI – Litoral Sul
Grupo: Misael Mendes
              Flávia Regina
              Edith Diniz
              Wellyson Alves
               Anderson Rodrigues
              Matheus Henrique

Profª: Lenilza




“Eu” poesias  
- Trabalho sobre a vida e a obra de Augusto dos Anjos -







            
















    No Engenho do Pau d’Arco, na Paraíba, nas ruas do Recife e João Pessoa, nos primeiros anos deste século, cismava, sofria, escrevia poemas, um homem jovem, magro e taciturno, que se tornaria conhecido na história da literatura brasileira pelo nome de Augusto dos Anjos.
















                        Sobre o autor
            Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em 20 de abril de 1884, num engenho de açúcar da Paraíba do Norte, no instante em que o abolicionismo começou a crescer, com a presença atuante de Joaquim Nabuco e Rui Barbosa na tribuna parlamentar, de José do Patrocínio na imprensa e nos comícios populares, de Saldanha Marinho no foro, de André Rebouças à frente da Confederação Abolicionista, ondas que levariam num arrastão o barco monárquico, que não tardará a ir a pique.
            Até 1908, até pois os 24 anos, Augusto dos Anjos viveu no Engenho Pau d’Arco, de onde se afastava periodicamente para breves estadas na Paraíba ou no Recife. Fez todos os exames preparatórios no Liceu Paraibano, e todo o curso na Faculdade de Direito, no regime que então se denominava "exame vago", facultado aos alunos que não tivessem frequência regular, condicionando-os à arguição de toda a matéria e não apenas do ponto sorteado. Daí a sua ausência quase absoluta, a sua não participação do movimento estudantil em Pernambuco.
            O adolescente impressionava pela magreza e aspecto doentio, descritos por Orris Soares e José Américo de Almeida. É deste o retrato traçado por mão de mestre, o mais interessante, senão o mais fiel: "mais alto do que baixo, franzino e recurvo, tez encerada de moreno pálido, a fronte alongada e uns grandes olhos sem mobilidade. As mãos eram afiladas e moles, mãos de tímido. [...] Usava um bigode mínimo, como um debrum. O andar era inseguro com os ombros lançados para a frente e o peito mais reentrante do que o seu natural. Um passo leve, tateante, como se marchasse na ponta dos pés." Evidentemente, o poeta não se impunha pelo físico. Muito menos pela comunicabilidade. Homem de poucos amigos, enrustido, abrindo-se só com os íntimos, e com estes afável e prestativo, sua personalidade, contudo forte, como que se apagava diante de estranhos. Emudecia. E, quando falava, não exercia aquele fascínio peculiar aos grandes conversadores. Não tinha gosto nem interesse em agradar as pessoas só por agradar ou pelo prazer de brilhar. Ríspido algumas vezes, distante, vago, suas qualidades eram mais negativas que positivas para abrir os caminhos da vida, inflexivelmente vedados aos tímidos.
            Augusto do Anjos teria como prêmio ao apoio da sua família à oligarquia dominante a nomeação para a cadeira de Literatura do Liceu Paraibano, em caráter interino, na vaga aberta com a eleição para deputado federal do titular efetivo, Manuel Tavares Cavalcanti. Com o irmão mais velho, Artur, como promotor público, e o mais moço, Aprígio, como redator d’A União, órgão oficial do governo, pesou também, é claro, o seu próprio prestígio, como intelectual, junto ao novo presidente, de quem se tornaria amigo. João Machado era do Brejo da Areia, terra do já falecido Doutor Agnelo Cândido Lins Fialho, pai da noiva, e com esta o poeta se casaria logo após a sua nomeação. Sendo além do mais professor de um filho do presidente, nada mais natural que as relações se estreitassem até a intimidade palaciana.
            Ao poeta parecera tão simples e natural o que pleiteava: o afastamento do cargo de professor do Liceu, com todas as garantias, de modo a possibilitar-lhe a viagem ao Rio de Janeiro, onde cuidaria da publicação do seu livro de poesias. Caso conseguisse um emprego público, uma cadeira permanente na congregação do Colégio Pedro II, por exemplo, liberaria o presidente do Estado, seu amigo, de qualquer compromisso. Até lá precisaria conservar aquele ponto de apoio, como garantia na eventualidade de um fracasso nos seus projetos literários. Mas o presidente, tão compreensivo e tolerante, tornara-se irredutível na defesa de seus princípios republicanos. Impossível dar licença a funcionário interino. Era contra tais liberalidades. Se quisesse ir para o Rio, que fosse por sua conta e risco. Tinha que demiti-lo. E mais não contasse com nova nomeação, se pensasse em voltar para a Paraíba. O Liceu não podia ficar sem professores.
            A reação fora instantânea. Retornando à sua casa, o poeta, transfigurado, comunica à esposa sua dramática resolução: "Vamos para o Rio. Nunca mais porei o pé na Paraíba." Dias depois, o primeiro navio do Lóide que passou pelo Recife trazia para o Rio de Janeiro o casal Augusto dos Anjos. Viagem de lua de mel um tanto retardada, quatro meses após o casamento.

            No Rio de Janeiro, as coisas seriam diferentes. Publicaria, logo à chegada, o seu livro, afirmação da sua personalidade independente, o Eu. E, em breve, havia de nascer-lhe o primeiro filho. Levava algum dinheiro. Não precisava do auxílio de ninguém. Nem dependeria de parentes. Faria relações com poetas, escritores e jornalistas, que lhe reconheceriam o talento, e tudo facilitariam ao novo companheiro de letras. Conquistaria, em suma, pelo próprio mérito, todas as posições que almejasse, na imprensa e no magistério.
           
O título escolhido para as suas poesias é de uma ousadia rara. Algumas das composições são perfeitamente estranhas e caracterizadas por um evidente descaso por tudo quanto constitui a moeda corrente, nas letras da nossa terra. Entretanto, passada a primeira impressão, o leitor verifica que dentro daquelas páginas palpita um espírito original, que tanto verseja – e sempre com um singular poder musical – sobre temas excessivamente bizarros, com entretece lindamente o famoso soneto Vandalismo". Tinha talento, sem dúvida, mas não devia escrever sobre coisas que repugnavam ao convencionalismo.
            Perguntassem lá pelo nome de Augusto dos Anjos. O que poderiam responder é que se tratava de um estreante, autor de nus versos extravagantes. Nada mais. O Eu, além de uma ou outra nota esparsa e dos artigos acima citados, enquadrava-se na literatura condenada dos ratés, dos inconformados, colocados à margem. Não é sem propósito que o rebelado José Oiticica, escrevendo agora para um jornal da oposição como A Época, procurava caracterizar o amigo como um dos representantes da Poesia Nova, isto é, uma poesia diferente, atuante, revolucionária. Hermes Fontes, que estreara, em 1908, com Apoteoses, saudado efusivamente pelos bem-pensantes, bandeara-se para o lado dos malditos, participando da mesma ordem de ideias. "Augusto dos Anjos é um poeta que não se confunde com os outros. É diferente dos mais pelo credo, pela fortuna e pela grande independência de pensar e dizer. Com os outros, isto é, com três ou quatro dos nossos grandes jovens poetas, ele se identifica, apenas, pela força da cultura, pela segurança, pelo brilho, pela excepcionalidade de seu estro."
            O poeta era inclassificável. O máximo que poderia obter, como ponto de referência, eram adjetivos pouco recomendáveis, como estapafúrdio, aberrante, desequilibrado. Um caso patológico. Em matéria de extravagância, aparecia na mesma linha de um Caio Monteiro de Barros, no plano político, pretendendo organizar Partido Socialista, ao mesmo tempo antimilitarista, anticapitalista, e anticlericalista.
            Nesse clima, que poderia esperar Augusto dos Anjos de seus conterrâneos? Nada. Fora proscrito da Paraíba pela oligarquia apenas ferida, mas não derrubada. João Maximiniano de Figueiredo, eleito deputado federal, não podia fazer mais, servindo ao poeta apenas para as notícias d’O País ou para as eventuais substituições no Ginásio Nacional e na Escola Normal. Tinha que esperar, esperar sempre, indefinidamente. Enquanto isso, cresciam-lhe as responsabilidades, e a família aumentava, cada ano. As cansativas aulas particulares apenas supriam os magros vencimentos de professor público. Não conseguia fixar-se ainda em coisa alguma. Essa instabilidade é a causa das frequentes mudanças de endereço, assinaladas nas cartas que escrevia para a irmã ou para Sinhá Mocinha. Em perto de três anos, que foi quanto viveu no Rio de Janeiro, residiu em dez casas de diferentes bairros, quase sempre em quartos de pensão, tudo era incerto, a não ser a sua perambulação de professor à cata de alunos.
            Em 1914, surgiu a possibilidade da nomeação para diretor do Grupo Escolar de Leopoldina, em Minas Gerais. Agarrou-se a ela como um náufrago à espera de tábua de salvação. Seu concunhado, Rômulo Pacheco, ligado à política local, obtivera o apoio do Deputado Ribeiro Junqueira, chefe todo-poderoso da região, para a iniciativa. O ordenado de apenas 330$000 pareceu vantajoso para quem certamente teria menos despesas na vida modesta e obscura que iria viver no interior. Mesmo assim, em Leopoldina, continuou a das aulas particulares.
            Leopoldina seria, para ele, algo estupendo, maravilhoso, o próprio Nirvana, como dirá em carta à Sinhá Mocinha: "Apesar da monotonia desta cidade, tenho passado bem aqui, não somente sob o ponto de vista da saúde, como também sob o da chamada vida material. Quando digo bem da vida material, quero dizer em condições melhores do que as que me infelicitavam dantes, obrigando-me ao Deus-dará das misericórdias alheias. Não maldigo entretanto a fase angustiosa que pesou sobre o um destino. Dada a compreensão, peço licença para dizer, superior, que eu tenho do mundo, foi-me ela mais propícia do que adversa à integração de minha individualidade moral e até mesmo intelectual. Aceito hoje em filosofia o finalismo otimista de Sócrates, o qual, em termos vulgares, pode ser assim enunciado: tudo quanto sucede é unicamente para o bem." Esta carta é datada de 29 de setembro. Um mês depois, precisamente, o poeta adoece, vindo a falecer em 12 de dezembro de 1914 de uma congestão pulmonar.




Sobre a obra “Eu”:

  A obra Eu, único livro de Augusto dos Anjos,  foi editada pela primeira vez em 1912. Outras Poesias acrescentaram-se às edições posteriores. Na primeira edição, a capa branca exibia o título com grandes e vermelhas maiúsculas impressas no centro. No alto, as letras pretas com o nome do autor e, em baixo, cidade, Rio de Janeiro, e data, 1912. Falecido o poeta em 1914, Órris Soares reuniu à coletânea original (Eu) a produção recente de Augusto dos Anjos, incluindo mesmo um poema inacabado, A Meretriz. A Imprensa Oficial do Estado da Paraíba editou, em 1920, Eu e Outras Poesias, prefaciado pelo organizador. Augusto dos Anjos assombrou a elite letrada do país com seus versos que não eram parnasianos, nem antecipavam o modernismo. Eram apenas seus. E tamanha era a putrefação que seus versos representavam que, ainda hoje, ele é inclassificável em uma escola, e admirado como um poeta original. Considerado pelo público e pela critica, habituados á elegância parnasiana, um livro de mau gosto, malcriado, alguns dos poemas de Eu são vistos como os mais estranhos de toda a nossa literatura, por vários motivos. Dentre eles, ressaltamos o vocabulário pouco comum, repleto de palavras com forte carga cientificista; a multiplicidade de influências literárias que recebe, tornando difícil, se não impossível, sua classificação estilística e principalmente o desespero radical com que tematiza o fim de todas as ilusões românticas, a fatalidade da morte como apodrecimento inexorável do corpo, a visão do cosmos em seu processo irreversível de demolição de valores e sonhos humanos.


"Eu, filho do carbono e do amoníaco
Monstro de escuridão e rutilância
Sofro, desde a epigênese da infância
A influência má dos signos do zodíaco."


"(...)
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija"




 
              A obra surgida em momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem representativa do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianismo por alguns aspectos e simbolista por outros. A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para fazer do Eu um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor da forma.

              Em outras palavras, considerando a produção literária desse poeta, pode-se dizer que traduz sua objetividade pessimista em relação ao homem e ao cosmos, por meio de um vocabulário técnico-científico-poético.

              Transformado em catecismo pelos pessimistas e em bíblia dos azarados e malditos, o livro Eu é de uma instigante popularidade, resistente a todos os modismo, impermeável às retaliações da crítica e aos vermes do tempo. Foi o poeta mais original de nossa literatura.















            Eu, única obra de Augusto dos Anjos, reúne sua obra poética. De linguagem cientificista (a minha edição tem "só" 373 notas de fim), o poeta mostra uma obsessão com a morte simultânea a sua aversão a ela. Fala de si mesmo, da doença que o vitimou (tuberculose), da humanidade, dos sentimentos, do banal; tudo pessimismo, linguagem e técnica impecável. O vocabulário e as imagens poéticas, que incluem expressões como "escarra esta boca que te beija", levaram os críticos da época a considerá-lo um poeta de mau gosto; não é verdade. Augusto dos Anjos em Eu demonstra uma visão de mundo como a de Machado que não se manifesta do mesmo modo sutil, mas é igualmente poderosa. Parnasiano na forma e simbolista nas imagens, Augusto dos Anjos é um pré-modernista e mostra nesta obra por seu estilo único e inconfundível.


                      Alguns poemas de Augusto dos Anjos
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Sobre a obra “Eu”:

  A obra Eu, único livro de Augusto dos Anjos,  foi editada pela primeira vez em 1912. Outras Poesias acrescentaram-se às edições posteriores. Na primeira edição, a capa branca exibia o título com grandes e vermelhas maiúsculas impressas no centro. No alto, as letras pretas com o nome do autor e, em baixo, cidade, Rio de Janeiro, e data, 1912. Falecido o poeta em 1914, Órris Soares reuniu à coletânea original (Eu) a produção recente de Augusto dos Anjos, incluindo mesmo um poema inacabado, A Meretriz. A Imprensa Oficial do Estado da Paraíba editou, em 1920, Eu e Outras Poesias, prefaciado pelo organizador. Augusto dos Anjos assombrou a elite letrada do país com seus versos que não eram parnasianos, nem antecipavam o modernismo. Eram apenas seus. E tamanha era a putrefação que seus versos representavam que, ainda hoje, ele é inclassificável em uma escola, e admirado como um poeta original. Considerado pelo público e pela critica, habituados á elegância parnasiana, um livro de mau gosto, malcriado, alguns dos poemas de Eu são vistos como os mais estranhos de toda a nossa literatura, por vários motivos. Dentre eles, ressaltamos o vocabulário pouco comum, repleto de palavras com forte carga cientificista; a multiplicidade de influências literárias que recebe, tornando difícil, se não impossível, sua classificação estilística e principalmente o desespero radical com que tematiza o fim de todas as ilusões românticas, a fatalidade da morte como apodrecimento inexorável do corpo, a visão do cosmos em seu processo irreversível de demolição de valores e sonhos humanos.


"Eu, filho do carbono e do amoníaco
Monstro de escuridão e rutilância
Sofro, desde a epigênese da infância
A influência má dos signos do zodíaco."


"(...)
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija"




 
              A obra surgida em momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem representativa do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianismo por alguns aspectos e simbolista por outros. A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para fazer do Eu um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor da forma.

              Em outras palavras, considerando a produção literária desse poeta, pode-se dizer que traduz sua objetividade pessimista em relação ao homem e ao cosmos, por meio de um vocabulário técnico-científico-poético.

              Transformado em catecismo pelos pessimistas e em bíblia dos azarados e malditos, o livro Eu é de uma instigante popularidade, resistente a todos os modismo, impermeável às retaliações da crítica e aos vermes do tempo. Foi o poeta mais original de nossa literatura.















            Eu, única obra de Augusto dos Anjos, reúne sua obra poética. De linguagem cientificista (a minha edição tem "só" 373 notas de fim), o poeta mostra uma obsessão com a morte simultânea a sua aversão a ela. Fala de si mesmo, da doença que o vitimou (tuberculose), da humanidade, dos sentimentos, do banal; tudo pessimismo, linguagem e técnica impecável. O vocabulário e as imagens poéticas, que incluem expressões como "escarra esta boca que te beija", levaram os críticos da época a considerá-lo um poeta de mau gosto; não é verdade. Augusto dos Anjos em Eu demonstra uma visão de mundo como a de Machado que não se manifesta do mesmo modo sutil, mas é igualmente poderosa. Parnasiano na forma e simbolista nas imagens, Augusto dos Anjos é um pré-modernista e mostra nesta obra por seu estilo único e inconfundível.

                           



                                  Alguns poemas de Augusto dos Anjos

O LAMENTO DAS COISAS
Triste, a escutar, pancada por pancada,
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos
O choro da Energia abandonada!
É a dor da Força desaproveitada
O cantochão dos dínamos profundos,
Que, podendo mover milhões de mundos,
Jazem ainda na estática do Nada!
É o soluço da forma ainda imprecisa...
Da transcendência que se não realiza...
Da luz que não chegou a ser lampejo...
E é em suma, o subconsciente ai formidando
Da Natureza que parou, chorando,
No rudimentarismo do Desejo!




O MORCEGO
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
-- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!








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